segunda-feira, 28 de junho de 2010

teoria e Prática do Currículo

TEORIA E PRÁTICA DO CURRÍCULO NO ENSINO FUNDAMENTAL II, EM PARTICULAR SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA E A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL, EM TEMPOS “DIFICÉIS” SEGUNDO CORAZZA.

Roberta Gonçalves Machado Vilaça
Mestre em Educação
Colégio Anglo de Itaúna
rovilaca@uol.com.br


Resumo: Irei nesse trabalho discorrer sobre a teoria e a prática do currículo no ensino fundamental II, em particular sobre O Ensino de História e a Educação Patrimonial, em tempos “dificéis” utilizando o texto de Sandra Corazza e o PCN de História para o ensino fundamental. Esse percurso foi permitido pela apresentação do texto O que quer um currículo?:pesquisas pós-críticas em Educação de autoria de Sandra Corazza.
Palavras- chave: Currículo, História, PCN


“A pesquisa pós-crítica é uma pesquisa de “invenção”, não de “comprovação” do que já foi sistematizado. Sua principal contribuição é apenas a de ser aproveitável por outro/as pesquisadores/as como uma “sementeira” de sentidos imprevistos. Ela implode o sistema consensual das formas em que habitualmente compreendemos, falamos e escutamos uma linguagem curricular. Implosão de sentidos que, no mínimo, faz “saltar” o que estava ainda não-significado, o que era a – significante. Como sua principal tarefa política, a pesquisa pós-crítica quer transformar o funcionamento da linguagem de um currículo, na direção de modificar as sua condições de enunciação, fornecendo-lhes planos infinitos de possíveis.” (CORAZZA, 2001)



Diante das palavras de Sandra Corazza, venho indagar sobre a teoria e a prática do currículo no ensino fundamental II, em particular sobre O Ensino de História e a Educação Patrimonial, em tempos “dificéis” segundo Corazza.
Corazza segue em seu texto relatando sobre tempos “difíceis”, ela diz dessa forma “ hoje, nestes tempos da nova ordem mundial, de capitalismo tardio em escala global, de neoliberalismo governamental e de soberania do mercado transnacional, não há mais um centro fixo: seja ele de poder, de produção e trabalho, de capital e cultura, de formação dos sujeitos.” (CORAZZA, 2001), é nesse meio em que vivo um tempo saturado de agoras e agonizante de sua própria origem.
O texto de Corazza diz que “o conceito de “centro” é pensado como em modificação constante, como local não fixo, como um não lugar. Não existe mais nenhuma dinâmica central que explique todo o funcionamento da vida social.” (CORAZZA, 2001) essa é uma das preocupações diante da educação patrimonial, como ensinar o valor do patrimônio sendo que esse não mais existe diante do olhar da nova geração com a qual trabalhamos na escola.
Não é possível dizer em um mundo contemporâneo, que exista uma cultura de origem fechada a qual não permite diálogo, diante de que “Não há um único eixo dos processos culturais, porque os eixos estão em toda parte, ou não existem.” (CORAZZA,2001), pois, em toda parte existe um registro cultural aberto para ser explorado em seu conteúdo de formação, seja ele material ou imaterial, com o esse espectro podemos explorar além da visão e assim ensinar sobre o patrimônio sem que esse seja algo permanente, originado de uma forma linear e constituído para o ensino fechado, ele não possui “caras” e sim a oportunidade de que o observador possa olhar com seus próprios olhos e dessa maneira constituir a sua “verdade” sobre a obra e sua importância patrimonial. “Nesse sentido, cabe ao professor criar situações instigantes para que os alunos comparem as informações contidas em diferentes fontes bibliograficas e documentais, expressem as suas próprias compreensões e opiniões sobre os assuntos e investiguem outras possibilidades de explicação para os acontecimentos estudados.” (PCN, 2001)
O texto continua afirmando que, “não há explicações causais, radicadas nos processos econômicos, que justifiquem os resultados educacionais. Não há mais enraizamento, nem raízes, só rizomas, só redes de poder que movem o mundo.” (CORAZZA,2001) o rizoma, como nos foi ensinado pelo professor Doutor Wagner pode ser explanado para uma melhor visualização, dessa forma , historicamente em três momentos, quais sejam: o iluminismo, a modernidade e a pós-modernidade.
No iluminismo, as características são: o eu profundo, consolidado, bem pensado, que pode se expressar numa lógica binária, um pensamento de tipo vertical e, conseqüentemente, autoritário e, possivelmente, excludente. Como exemplo figurativo deste momento podemos utilizar, a imagem de uma mangueira, que, fixada em sólidas raízes, se eleva em direção ao alto, de forma rígida e estável.
Na modernidade, as características citadas foram: também excludente, talvez ainda por causa do pensamento binário, desejo de encontrar um centro, um pensamento vertical, tendo como base uma raiz central e raízes secundárias (que Deleuze chama de “radículas”); o exemplo que podemos utilizar é o de uma jaboticabeira.
Na pós-modernidade, que ele preferiu chamar de contemporaneidade, as características citadas foram: um pensamento não excludente, que inclui a lógica binária, mas que pode ser ternária ou mais; tem-se a impressão de que tudo vale, há a tendência a um descentramento, o trabalho é elaborado com a ajuda de todos os sentidos e modelos; o exemplo utilizado pode ser o de uma plantação de batatas, em que encontramos raízes, mas estas não são tão volumosas e sólidas como as outras árvores citadas e estas mesmas raízes interagem e interdependem umas das outras, formando redes que se comunicam; o pensamento não é mais vertical, embora este tipo de pensamento possa estar presente, juntamente com outros tipos.
É embasado nesse termo e com o texto de Corazza que venho em busca de um ensino de história para a educação patrimonial, afinal, esse é um “tempo de reciclagens de ideologias, conhecimentos, comunicação. De novas tecnologias, hipertextos, tecnocultura, dispositivos interativos, ambientes telemáticos. Tempo de reconfiguração e abolição de fronteiras entre ciência e ficção, público e privado, material e imaterial, humano e sobre-humano, natural e sobre-natural” (CORAZZA, 2001) sendo que tudo faz parte da trajetória histórica e constitui o patrimônio a ser observado pelos que estão sendo educados, direcionados para conviver em um mundo aberto de “olhares” e devido a isso de inteligências múltiplas a serem valorizadas em sua plenitude de ação para tanto “torna-se importante desenvolver a preocupação de se diagnosticar a complexidade de entendimento dos temas pelos alunos, respeitando suas idéias e intervindo sempre com questionamentos, com novas informações e com propostas de socialização de suas reflexões no grupo.” (PCN, 2001), utilizando a fala do professor Doutor Cláudio ao explanar sobre o pós-crítico, ele diz que o pós-crítico não possui uma verdade absoluta, entretanto, independente de onde o observador olhar, o objeto observado será sempre o mesmo, apesar das características do observador serem diferentes devido ao ângulo de sua observação, ou seja, nesse tempo podemos então estarmos abertos as várias “falas” e “olhares” valorizando o sujeito em construção.
Afirma Corazza em seu texto que

Porque somos sujeitos desta época e de nenhuma outra, não conseguimos experienciar mais a Educação e a Pedagogia do mesmo jeito que antes. Por isto a praticamos, enquanto os novos seres híbridos que somos. Seres que, dentre outras características, possuem em seus fazeres, pensares e dizeres, uma porção de currículo “oficial” e outra porção de currículo “alternativo”. Ao perdermos os fatores distintivos, entre “oficial” e “alternativo”, nossos currículos passam a ser representados pelo traço de união que liga, agora, as duas palavras. (CORAZZA, 2001)

Dessa forma “os pós – curriculistas desdenham ocultar as suas posições e os seus propósitos” (CORAZZA,2001), doa a quem doer eles “declaram, abertamente, que os seus fins só podem ser alcançados pela transformação violenta e radical de toda a ordem e pesquisa curricular até hoje existente.” (CORAZZA,2001) e assim sendo “as classes dominantes do “currículo” podem tremer ante uma revolução pós-curricular, inspirada pelo pensamento pós-niestzcheano da filosofia da diferença! Nela os pós-curriculistas nada tem a perder, a não ser as suas cadeias. Têm um mundo a ganhar.” (CORAZZA 2001), o qual estou em busca para uma nova estrutura do ensino de história e a educação patrimonial.






Referências Bibliográficas:

CORAZZA, Sandra. O que quer um currículo?:pesquisas pós-críticas em Educação.Petrópolis, Rio de Janeiro:Vozes, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação Secretária de educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário