terça-feira, 4 de maio de 2010


DECLARAÇÃO DE ACEITAÇÃO DE COMUNICAÇÃO
Para os devidos efeitos, declaramos que a comunicação intitulada:
Walter Benjamin (1892-1940) : contribuição para o ensino de História
da autoria de
Roberta Gonçalves Machado Vilaça/ Vera Lúcia Ferreira Alves de Brito
foi aceite pela Comissão Científica do VII Congresso Luso –Brasileiro de História da Educação
que se realizará na Universidade do Porto, Portugal, entre 20 e 23 de Junho de 2008.
Porto e Universidade do Porto, 5 de Março de 2008
A Coordenadora da Comissão Organizadora,
(Margarida Louro Felgueiras)
WALTER BENJAMIN (1892-1940):CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Roberta Gonçalves Machado Vilaça
Universidade de Itaúna
Colégio Anglo de Itaúna

Vera Lúcia Ferreira Alves de Brito
Universidade do Estado de Minas Gerais

Introdução
Neste artigo são apresentados resultados de uma pesquisa acerca da problemática do ensino de História. Procurou-se analisar as seguintes questões: concepção de História de Walter Benjamin poderá contribuir para a compreensão da importância da memória histórica? Seu enfoque sobre cultura contribui para o trabalho de professores com patrimônio histórico? Com qual perspectiva histórica trabalham os professores pesquisados? Para responder a essas perguntas foram analisados artigos de Walter Benjamin e realizadas entrevistas com professores de História do ensino fundamental II. No desenvolvimento da pesquisa identificou-se no pensamento de Walter Benjamin (1892-1940) sua constante preocupação com as mudanças nas formas de percepção do mundo. Ao analisar a tradição, define seu caráter ambivalente afirmando que não existe documento de cultura que não seja ao mesmo tempo um documento da barbárie. Ao afirmar que a História sempre esteve de costas para explorados e oprimidos, reitera a exigência de escrever a história a contrapelo, ou seja, do ponto de vista dos vencidos e contra a tradição conformista do historicismo e da empatia com o vencedor. Os documentos analisados colocam Benjamin como um adversário do progressismo e como um pensador que concebe a revolução como a interrupção de uma evolução histórica que conduz à catástrofe. Sua maior preocupação é com as ameaças que o progresso técnico e econômico promovido pelo capitalismo fazem pesar sobre a humanidade. Benjamin realiza uma interpretação dialética e não evolucionista da história. Entende a história como o que está por trás do objeto, da escrita, da fala, da pintura, das sensibilidades que nos são ofertadas pelas imagens históricas que formam nossa cultura. Com isso ele funda um conceito do presente como um agora no qual se infiltraram traços do passado. Não é apenas um historiador da cultura mas seu pensamento tem um alcance muito mais vasto o qual visa uma nova compreensão da história humana, à luz de uma situação determinada. Para a presente pesquisa relacionamos o pensamento de Benjamin com o saber histórico escolar em suas três dimensões: o fato histórico, o sujeito histórico e o tempo histórico. No enfoque benjaminiano os fatos históricos não são isolados do contexto histórico mas podem ser consideradas as ações coletivas, lutas por mudanças e ações realizadas por movimentos sociais: ritos religiosos, técnicas de produção, patrimônio material e imaterial, expressões artísticas de etnias diversas. Como sujeitos históricos podem ser considerados todos aqueles que localizados em contextos históricos, exprimem suas lutas pela liberdade e pela independência. O tempo não segue uma ordem evolutiva, representando o tempo presente um estágio mais avançado da história da humanidade. O tempo também pode ser visto como um objeto de cultura, de curta e longa duração como os padrões culturais enraizados, os valores e crenças que permanecem por gerações e relações de trabalho que permanecem por muitos anos. Os conceitos de Benjamin podem contribuir para orientar os fatos que investigados, os sujeitos que terão voz e as noções de tempo histórico que são trabalhadas pelo professor.

Concepção de História de Walter Benjamin

A contribuição de Walter Benjamin para a compreensão de História na sociedade moderna ainda é pertinente no mundo contemporâneo. A concepção de História de Benjamin foi desenhada a partir das suas experiências em busca do questionamento do que é a verdadeira imagem do passado. Benjamin percebe que a liberdade da História está na iluminação dos pensamentos de que a verdade do passado não é uma verdade absoluta.. E Benjamin prossegue, acentuando que:

“O historicismo culmina legitimamente na história universal (...) A história universal não tem qualquer armação teórica. Seu procedimento é aditivo. Ela utiliza a massa dos fatos, para com eles preencher o tempo homogêneo e vazio (...).” (BENJAMIN, 1994 , p.231)

Basicamente, cabe à esta crítica benjaminiana resgatar a liberdade transcendental e a individualidade como valores fundamentais do ser humano. Singularmente ele propõe valorizar a subjetividade humana no sentido dela mostrar o indivíduo como sendo complexo e fragmentado. A idéia do processo histórico, como progresso linear, mais do que a realização da razão, é a estagnação do pensamento iluminista.
Como podemos constatar nas teses “Sobre o conceito de história” (1940), para Benjamin, a historicidade, de acordo como os homens a fazem, é sempre marcada por rupturas, e não por um movimento contínuo e linear. A história realiza-se em movimentos que, a princípio, poderiam ser diferentes, ou seja, a concepção benjaminiana de tempo perdido não se encontra no passado, pois, o modo como o indivíduo olha para o passado e constrói sua visão o leva a uma História aberta e relacionada com suas próprias concepções e vivência.
Arendt (1987) escreveu certa vez que sem ser poeta, Walter Benjamin pensava o mundo poeticamente. Assim, na teoria benjaminiana da modernidade, o herói moderno é representado pela figura do flâneur, do poeta. Segundo a visão benjaminiana o flâneur, é aquele que passeia pela cidade, que procura uma nova percepção da História.
Benjamin mostra com naturalidade, o perigo de nos transformarmos em estranhos na nossa própria cidade. O passear pelas ruas da cidade para Benjamin, significa as representações culturais e a expressão de uma nova dialética do olhar. Olhar esse que é um método e um meio de acender e reconhecer o labirinto que é a expressão cultural da vida.

“Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses despojos são o que chamamos bens culturais (...).” (BENJAMIN,1994, p.225)

Na visão benjaminiana, o poeta é aquele que dá as costas ao cortejo infernal ; é aquele que não se entrega ao sistema; é aquele que declara guerra com a prática do progresso selvagem e sem limites, que faz florescer no indivíduo a cegueira da ambição e da destruição.
Para Benjamin , os heróis são aqueles que estão à margem da sociedade. O reflexo benjaminiano sobre a concepção de História mostra o lado oposto do espelho marxista.
Enquanto na concepção benjaminiana de história os que vivem as margens são os que nos proporcionam um ar libertador, como por exemplo, em seus fragmentos, ele registra sobre, os velhos, os invertidos, os inaptos, as prostitutas, as crianças, os tímidos, os desajeitados, os deslocados, os anjos, dentre outros.

“O dom de despertar no passado as centelhas de esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer.” (BENJAMIN, 1994, p.224)

Sendo assim, podemos chegar ao pensamento de que a questão central do pensamento de Walter Benjamin pode ser identificada na sua constante preocupação com as mudanças nas formas de percepção do mundo, na liberdade do olhar e sentir do indivíduo através de sua essência e história, pois, os lugares, as passagens, as ruas, os monumentos, os edifícios, as músicas, as imagens representam em cada indivíduo e para cada indivíduo emoções guardadas em algum lugar do cérebro.

“A verdadeira imagem do passado perpassa, veloz. O passado só se deixa fixar como imagem que relampeja irreversivelmente, no momento em que é reconhecido.” (BENJAMIN,1994, p.224)

Pela visão benjaminiana, o professor de história articula, pela sua narração dentro de sala de aula aos alunos, o presente ao passado, cuja importância maior não está no fato de registro, mas na apropriação das reminiscências, que se fundam na tradição e se vinculam à transmissão de conhecimentos vividos ou de alguma maneira vivenciados. A História é tanto o desenvolvimento da realidade no tempo, como o estudo de um relato comum do cotidiano e ao professor de História caberia a função, partindo de suas experiências individuais, de aconselhar sabiamente o alunado.

Conceito de Patrimônio
Para fins desse trabalho, é relevante definir o que é o patrimônio, um documento cultural, cuja importância precisa ser levada para o ensino – aprendizagem de história “ a fim de estimular nos alunos o senso de preservação” ( ORIÁ, 2005,p.130) do patrimônio.
Oriá (2005) afirma que, a preocupação da memória histórica é por extensão, do patrimônio cultural um fenômeno que caracteriza neste final de século e milênio, um número crescente de instituições que trabalham para que o patrimônio seja preservado. O que seria esse tão falado patrimônio?
Segundo as pesquisas do estudioso Pedro Paulo Funari (2006), o “Patrimônio é uma palavra de origem latina, patrimonium, que se referia, entre os antigos romanos, a tudo o que pertencia ao pai, pater ou pater famílias, pai de família.” (FUNARI, 2006, p.10)
O termo patrimônio refere-se “a um bem ou ao conjunto de bens culturais, materiais, imateriais e naturais que tenham valor reconhecido para uma cidade, região, Estado, País ou humanidade, sendo propriedade de todos os cidadãos.”
( ASSUNÇÃO,2003, p.87)
O patrimônio histórico e o patrimônio artístico, são “na realidade expressões usuais, que inclusive são usadas na identificação da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, abrange somente um segmento de acervo maior, que é identificado Patrimônio Cultural de uma nação ou de um povo.” (LEMOS, 2006, p.7)
Porém o termo patrimônio origina-se na antiguidade, sendo que no inicio de sua origem em Roma, ele
era patriarcal, individual e privativo da aristocracia. Com a difusão do cristianismo nos séculos IV ao XV acrescentou-se ao caráter aristocrático do patrimônio o religioso, foi com o renascimento cultural que o patrimônio veio a mudar de perspectiva, ainda que o caráter aristocrático fosse mantido, se não mesmo reforçado. Os humanistas lutaram pelos valores humanos em substituição ao domínio da religião, esses humanistas amavam coisas antigas, fundaram o que viria ser o Antiquário.( FUNARI, 2006, p.11-12)

Funari (2006) em suas pesquisas encontra em alguns estudiosos a ênfase de que o patrimônio moderno deriva, de uma maneira ou de outra, de um Antiquário que é um local onde se guardavam objetos antigos e raros os quais os colecionadores resgatam. Esta atividade aliás, nunca deixou de existir e continua até hoje, na forma de colecionadores de antiguidades.
Entretanto, “a preocupação com o patrimônio rompe com as próprias bases aristocráticas e privadas do colecionismo, e resulta de uma transformação profunda nas sociedades modernas , com o surgimento dos Estados Nacionais”.(FUNARI, 2006, p.13). Sendo que com
O surgimento do Estado Nacional era o que faltava para desencadear uma transformação radical no conceito de patrimônio, portanto, a partir da invenção de um conjunto de cidadãos que deveriam compartilhar uma língua e uma cultura, uma origem e um território. Para isso foram necessárias políticas educacionais que difundissem, já entre as crianças, a idéia de pertencimento a uma nação. (FUNARI, 2006, p.16)

“Dessa forma começa a surgir o conceito de patrimônio que temos hoje, não mais no âmbito privado ou religioso das tradições antigas e medievais, mas de todo um povo, com uma única língua, origem e território.” (FUNARI, 2006, p.17) Diante dessa escrita, podemos dizer que o patrimônio é fundamental para a construção da identidade de um povo, de uma nação, hoje sua preservação é “vista prioritariamente, como uma questão de cidadania.” (ORIÁ, 2005, p.137), cidadania essa, defendida pela carta constitucional de 1988 e pelos documentos curriculares referentes a disciplina História.

O Patrimônio e a Educação
Para que esse patrimônio seja conhecido e preservado, sem dúvida, a solução está “na educação sistemática que difunda entre toda a população, o interesse maior da salvaguarda de bens culturais” (LEMOS, 2006, pág. 109). Sendo esse responsável pela formação da identidade de cada ser.
Para que essa formação se torne realidade, se faz necessário a busca por uma melhor maneira de ensinar para os adolescentes a importância da articulação do presente ao passado. Percebendo a necessidade de leituras, para a obtenção de uma melhor clareza sobre a educação patrimonial, comecei a busca e encontrei um estudioso o qual interpreta que a
Educação patrimonial é uma das metas da educação contemporânea e dos órgãos ligados à preservação do patrimônio. Por meio da educação é possível sensibilizar sobre a importância do patrimônio cultural para a humanidade, despertando o interesse para a necessidade de respeito aos monumentos públicos, sua preservação e valorização., bem como da preservação dos bens culturais imateriais, ligados ao cotidiano, ao artesanato e à memória das comunidades, considerando o seu contexto sócio-cultural.
( ASSUNÇÃO, 2003, p.50)

Sendo assim, podemos entender pelo olhar de Assunção (2003) de que a educação patrimonial, visa conscientizar os adolescentes de que os bens culturais que formam o patrimônio pertencem a eles, assim como a coletividade, enquanto agentes histórico-sociais, assim como os incentiva a identificá-los como registro da memória dos vencidos de uma sociedade.
Perante esses fatos torna-se importante que os adolescentes percebam a importância do resgate da memória dos vencidos, o conceito de tempo histórico e da vulnerabilidade do conceito de progresso e dos valores culturais guardados pela memória de uma sociedade, em particular os do seu meio, assim os adolescentes despertam para a aprendizagem do significado “o patrimônio em sua trajetória e saibam interagir com ele, sendo capazes de definir o que é ou o que não progresso, memória dos vencidos ou dos vencedores, é patrimônio, considerando a importância do monumento, objeto, tradição, para a sua existência e identidade bem como para as gerações futuras.
Ao estabelecer uma relação de aproximação dos adolescentes com o patrimônio através do ensino de história, pode-se realizar a educação patrimonial, de forma que ela contribua
para a formação de um cidadão consciente de seus direitos e deveres, que compreenderá a importância da preservação dos bens culturais, para a preservação dos bens culturais, para a preservação da memória e da identidade de um povo ou nação. (ASSUNÇÃO, 2003, p.51)

No Brasil, a Carta Constitucional promulgada em 1988 é um marco considerável para a educação patrimonial,

uma vez que as forças dos partidos de esquerda, dos grupos intelectuais e dos órgãos de cultura juntaram-se para construir um conceito de patrimônio cultural de conteúdo mais dinâmico, mais vivo, mais popular e acima de tudo, que favorecesse o exercício da cidadania. ( RODRIGUES, 2006, p.11)

Assim proporcionando uma nova visão no ensino da educação patrimonial a de que como nos escreve Lemos (2006) nem só de cidades e monumentos é formado o patrimônio, músicas, pinturas, filmes, quadros, livros, fotografias, que documentem a memória e os costumes de uma cultura e de uma época, também fazem parte do acervo cultural e artístico e devem ser preservados.
Precisam ser preservados para que “a memória coletiva que é importante para a manutenção dos valores do grupo e da transmissão e continuidade para as gerações futuras, que devem aprender a valorizar este patrimônio.” (ASSUNÇÃO, 2003, p.52) E assim manter a acesa na memória a história de todos os grupos culturais e de sua tradição.
O professor (a) de história não pode permitir que o conformismo o faça perder seu amor pela leitura, pelo conhecimento em sua raiz, mesmo que as decepções se façam presentes. Pois, não é possível ser professor de história sem ler e sonhar, o professor de história precisa possuir utopia para seguir e assim responder as suas desilusões. Assim,
o grande desafio que se apresenta neste novo milênio é adequar nosso olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda neoliberal que parece estar empolgando corações e mentes(PINSKY, PINSKY, 2006, p.19)

Essas mentes, estão deixando de lado a valorização do que é o nosso patrimônio. A sensibilidade está sendo relegada ao esquecimento e os seres estão se transformando em máquinas.
Ouso dizer que apenas dessa forma o professor de história estará contribuindo para a formação de uma nova sociedade, transformada pela memória de suas lutas, perdas e vitórias sociais, que irá conhecer a verdade iluminada sobre o patrimônio, amá-lo e respeitá-lo, assim o preservando. Contudo, surge a inquietude do como realizar uma educação patrimonial que seja capaz de despertar a crítica, o amor e o conhecimento nos adolescentes?
Alguns professores não mais estão a trabalhar com humanos e sim aprimorando homens máquinas. Diante desse contexto, Pinsky e Pinsky nos escreve que

ao mesmo tempo em que as pessoas condenam, no discurso, o pragmatismo e o materialismo dos novos tempos, as escolas parecem ter esquecido sua parcela de responsabilidade na formação humanista dos alunos. Como estabelecer contrapesos ao materialismo irresponsável da sociedade tendo como meta apenas a preparação de máquinas a preparação de máquinas de responder perguntas no vestibular? Ao substituir aulas de história, drasticamente reduzidas em muitas escolas, por disciplinas mais “práticas” e mais “úteis”, abre-se mão de um instrumento precioso para a formação integral do aluno. (PINSKY, PINSKY, 2006, p.19)

É impossível negar a importância, do ensino de história. Nas palavras do historiador Eric Hobsbawm (1998), ser membro da comunidade humana é situar-se com relação ao seu passado este que

é uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e padrões da sociedade Hobsbawn apud Pinsky, Pinsky, (2006).

A História é referência é preciso então que seja bem ensinada, assim fortificando o senso de responsabilidade para com o conhecimento de nosso passado e a preservação do que deve ser preservado no nosso patrimônio. Afinal, toda produção humana, independente de sua origem ou época, que propiciem o conhecimento e a consciência do homem sobre si mesmo e sobre o mundo que o rodeia é pertencente ao seu patrimônio, e o seu conhecimento pode fazer com que o adolescente desperte em seu ser a sensibilidade necessária para que construa amor e conhecimento do respeito patrimônio de todos os grupos, classes e etnias sociais e o preserve, enxergando no patrimônio o reflexo de sua história.
Pois, quando se constrói conhecimento com os seres que estão em construção, é preciso que lhes sejam apresentados as sensibilidades culturais que são parte do ensino de história, as quais podem fazer despertar no adolescente, um novo olhar sobre o patrimônio. Assim, eles poderão compreender através de seu próprio pensar o que a presença do ser humano significa na terra, sua responsabilidade para com seus atos, pois, a

[...] presença do homem civilizado neste planeta tem poucos milhares de anos e tem causado terríveis males, destruímos sem dó a natureza, submetemos os mais fracos, matamos por atacado e a varejo, deixamos um terço da população mundial com fome, queimamos índios e por aí afora. Mas nossa presença não foi escrita apenas com sangue. Escrevemos poesias sublimes, teatros envolventes e romances maravilhosos. (PINSKY, PINSKY, 2006, p.21)

Desse modo é mais fácil para eles começar a olhar e a sentir de uma maneira diferenciada seu patrimônio histórico e cultural. Este é o sentido da humanização dos seres e “humanizar o homem é percebê-lo em sua organização social de produção, mas também no conteúdo específico em que vivemos, no começo do século XXI, isso é particularmente importante.” (PINSKY, PINSKY, 2006, p.21) Diante da nossa realidade onde o progressismo impera é preciso que tenhamos

bem claro que devemos estar preparados para ocupar um espaço na sociedade globalizada sob o risco de sermos sufocados por ela. É preciso possuir uma melhor visão do conjunto de movimentos que estão sendo executados no mundo e que exige de nossos alunos, uma cultura que vá além da técnica. Portanto, História neles! (PINSKY, PINSKY, 2006, p.21)

Para que a o ensino de história e a educação patrimonial se tornem prioridade, se faz necessário que o professor de história se valorize! E se conscientizem de sua responsabilidade social perante os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e mudar o mundo em que vivem, preservando a história de sua gente, suas lutas e seu patrimônio histórico e cultural, história dos vários grupos sociais que compõem as classes dominadas, história de seu país.
Ciente do contexto do aluno, é possível que o professor trabalhe para que surja o envolvimento necessário entre eles, fazendo fluir a confiança e a amabilidade, necessárias para que o ensino seja receptivo. O aluno capta as ferramentas necessárias que o professor lhe transmite e as coloca em prática com uma mais prazer e confiança.
Para isso o professor de história deve possuir em mente que o conhecimento histórico escolar, além de se relacionar com o conhecimento histórico de caráter científico nas especificações das noções básicas da área, também se articula aos fundamentos de seus métodos de pesquisa, adaptando-os para fins didáticos.
A transposição dos métodos de pesquisa da História para o ensino de História propicia situações pedagógicas privilegiadas para o desenvolvimento de capacidades intelectuais autônomas do estudante na leitura de obras humanas, do presente e do passado que “ora, esse tempo verdadeiro, é, por natureza, um continuum. É também perpetua mudança”. ( Bloch, p.55, 2001)
A escolha dos conteúdos, por sua vez, que possam levar o aluno a desenvolver noções de diferença e semelhança, de continuidade e de permanências, e rupturas no tempo e no espaço, para a constituição de sua identidade social, envolve cuidados nos métodos de ensino que formam a sensibilidade pela sua origem dessa forma possibilitando novas sementes.
Assim, os estudos da história dos grupos de convívio e nas suas relações com outros grupos e com a sociedade nacional, considerando vivências nos diferentes níveis da vida coletiva, ou seja, sociais, econômicas, políticas, culturais, artísticas, religiosas, exigem métodos específicos, considerando a faixa etária e as condições sociais e culturais dos alunos. Existe uma grande diversidade cultural e histórica no País, explicada desigualdade de classes, por sua extensão territorial e pela história de seu povoamento. As diferenças sociais e econômicas da população brasileira acarretam formas diversas de registros históricos. Assim há um grande número de pessoas que não fazem uso da escrita, tanto porque não tiveram acesso a processos formais de alfabetização como porque pertencem a culturas ágrafas, como no caso da população indígena. Nesse sentido, o trabalho pedagógico requer estudo de novos materiais, como por exemplo os relatos orais, imagens, objetos,danças, músicas, narrativas, que devem se transformar em instrumentos de construção do saber histórico escolar.
Ao se recuperar esses materiais, que são fontes potenciais para construção de uma história local parcialmente desconhecida, desvalorizada, esquecida ou omitida o saber histórico escolar desempenha um outro papel na vida local, sem significar que se pretende fazer do aluno um “pequeno historiador” capaz de escrever monografias, mas um observador atento das realidades do seu entorno, capaz de estabelecer relações, comparações e relativizando sua atuação no tempo e espaço.
A escolha metodológica representa a possibilidade de orientar trabalhos com a realidade presente, relacionando-a e comparando-a com momentos significativos do passado. Didaticamente, as relações e as comparações entre o presente e o passado permitem uma compreensão da realidade numa dimensão histórica, que extrapola as explicações sustentadas apenas no passado ou só no presente imediato é como a moda que “tem um faro para o atual, onde quer que ele esteja na folhagem do antigamente. Ela é um salto de tigre em direção ao passado”. (Benjamin,1994, p.230) é o fazer do aqui e do agora a do reflexo de nossa procura do nosso próprio eu.
O ensino de história aqui descrito é destinado aos adolescentes, que estão aprendendo os seus primeiros passos, sobre o conhecimento adquirido com a educação patrimonial, sobre a importância da preservação do patrimônio e de seu real valor, esse sonho, pode se tornar realidade.
Neste caminho percorrido entre sonho e realidade, venho indagando, sobre a importância do professor (a) de história, como educador, ser capaz de estudar, interpretar e colocar em prática a Constituição Federal de 1988, em particular em seus artigos 216 e 215.

Em seu artigo 215, nos parágrafos 1º. e 2º, por exemplo,, determina que o Estado deve proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional, além de prever a elaboração de leis que venham dispor sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais, artigo 216 o legislador constituinte teve a sensibilidade de reconhecer a importância dos quilombos na formação de nossa identidade cultural. (ORIÁ, apud, artigos 215 e 216, 2005, p.136 -137)

A LDB 9394/96 que enfatiza em seu artigo 26, que a parte diversificada dos currículos do ensino fundamental e médio deve observar as características regionais e locais da sociedade e da cultura,

o que abre espaço para a construção de uma proposta de ensino de história local, voltada para a divulgação do acervo cultural dos municípios e estados. Com o objetivo de promover o desenvolvimento cultural dos alunos e determinou que o ensino do Brasil leve em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente as matrizes indígenas, africana e européia. (ORIÁ, 2005, p.142 - 143)

Isso, aliado a criatividade de cada professor de História, para uma adequação da prática as leis vigentes, pois, assim poderemos tirar os brasileiros, do esquecimento, de sua verdadeira história construída pelos diversos grupos que compõem a sociedade

Ensino de História Contemporâneo
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001) indicam como objetivos do ensino fundamental II que os alunos sejam capazes de conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de gênero, de etnia ou outras características individuais e sociais.
A proposta de história, para o ensino fundamental II, foi concebida para proporcionar reflexões e debates sobre a importância dessa área curricular na formação dos estudantes, como referências aos professores, na busca de práticas que estimulem e incentivem o desejo pelo conhecimento patrimonial.
Dessa forma possibilitando aos alunos, a realização de leituras criticas dos espaços, culturas e das histórias do seu cotidiano, possibilitando seu próprio olhar e sentir na formação do aluno, ou seja, através do seu olhar e sentir ele poderá atingir um nível ético de qualidade. Pois, um indivíduo atinge um bom nível ético quando pensa por si mesmo em termos gerais e críticos, quando dirige sua conduta conforme julga correto, demonstrando independência interior, ou seja, quando é autônomo para definir o acontecimento por sua própria percepção, sem seguir fórmulas sociais, e por fim quando não é escravo das suas crenças, porque faz constante exercício de autoconhecimento, como Benjamin nos inspira ao nos dar a consciência de que a História não possui verdades absolutas e devido a isso está aberta ao nosso próprio entendimento.
Para que os professores de história encaminhem seus alunos nessa direção é preciso conhecer a metodologia adequada. Os PCNs de História direcionam os professores na maneira de trabalhar com os alunos do ensino fundamental II, no intuito de que eles conheçam e valorizem o patrimônio cultural. São orientações didáticas as quais propõem, que o professor inicialmente, valorize os saberes que os alunos possuem sobre o tema abordado, criando momentos de trocas de informações e opiniões, assim pode avaliar as informações identificando quais delas poderiam enriquecer seus repertórios e suas reflexões.
Após esse processo propõem novos questionamentos, informando sobre dados conhecidos com uma melhor visão organiza pequenas pesquisas e investigações, para que a pesquisa seja realizada e a investigação é preciso selecionar materiais de fontes de informações diferentes para que sejam estudados em sala de aula.
É também orientado para o professor de história pelos PCNs que ele promova visitas e pesquisas em locais ricos em informação. O professor pode propor aos alunos que os estudos realizados se materializem em produtos culturais, como: livros, murais, exposições, teatros, maquetes dentre outros.
As produções dos alunos não serão semelhantes àquelas construídas pelos historiadores nem devem dar conta de explicar a totalidade das questões que possivelmente, poderiam decorrer de estudos mais sofisticados.
Nesse sentido é proposto para o ensino de História, conteúdos e situações de aprendizagem que possibilitem aos alunos refletirem criticamente sobre as convivências e as obras humanas, ultrapassando explicações organizadas a partir unicamente de dados parciais. Dessa forma é proposto que os alunos conheçam e debatam as contradições, os conflitos, as mudanças, as permanências, as diferenças e as semelhanças existentes no interior das coletividades e entre elas.
Considerando que estão organizadas a partir de uma multiplicidade de sujeitos, grupos e classes, com alguns interesses comuns e outros diferentes, de uma multiplicidade de acontecimentos, econômicos, sociais, políticos, culturais, científicos, filosóficos, dentre outros, assim como de uma multiplicidade de legados históricos contínuos e descontínuos no tempo. Para que os alunos dimensionem a sua realidade historicamente é importante que o professor e a história criem situações de aprendizagem escolares saborosas para instigar aos alunos a estabelecerem relações entre o presente e o passado, o específico e o geral, as ações individuais e as coletivas, os particulares e as coletivas.
A abordagem dos conteúdos insere-se em uma perspectiva de questionamentos da realidade organizada no presente, ou seja, organizada no agora do observador que a está expressando. Desdobrando-se em conteúdos históricos, que envolve explicitações e interpretações das ações de diferentes sujeitos, da seleção e organização de fatos e da localização de informações no tempo histórico.
Ao criar situações questionadoras diante dos acontecimentos e das ações dos indivíduos históricos, possibilita que sejam interpretados e compreendidos a partir das relações de contradições ou de identidade que se estabelecem entre os indivíduos acontecimentos do seu próprio tempo e de outros tempos, do seu lugar e de outros lugares, isto é, relações que estabelecem por suas semelhanças, suas diferenças, suas proximidades, suas dependências, suas continuidades.
Considera-se assim, uma multiplicidade de entendimentos e de relações revelando tramas conflituosas para a história estudada, proporcionando o uso da imaginação e da criatividade do olhar e sentir de cada indivíduo, pois, cada um em sua singularidade segundo Benjamin possui suas verdades.
Assim são favorecidas, as diferentes leituras, de jornais, de revistas, o debate sobre os problemas do bairro ou da cidade e as pesquisas de cunho social e econômico entre a população, a identificação de diferentes propostas e compreensões defendidas na sociedade para solucionar seus problemas. Nas diferentes situações investigadas, em que os alunos organizam suas próprias soluções e estratégias de intervenção sobre a realidade, bem como o aprendizado de leitura dos documentos variados, aqueles que podem ser encontrados na realidade social, nas construções, organizações urbanas, instrumentos de trabalho, e também produções escritas, imagens e filmes.
Portanto o conhecimento histórico é um conhecimento que envolve escolha de abordagens, reflexões, organizações de informações, problematizações, interpretações, análises de uma série de acontecimentos da vida coletiva, que ficaram registrados, de algum modo seja por meio de escritas, desenhos, memórias individuais e coletivas, fotografias, instrumentos de trabalho, fragmentos de utensílios cotidianos, estilos arquitetônicos, entre outras possibilidades, que pela visão benjaminiana são retiradas do contínuo da história e colocadas no agora para que sejam observadas pelo olhar e sentir de quem está observando.
Os documentos são fundamentais como fontes de informações a serem interpretadas, analisadas e comparadas. Nesse sentido, pelo olhar benjaminiano eles não contam, simplesmente como aconteceu a vida no passado, eles reconstroem das ruínas o nosso agora.
Posso interpretar que a grande maioria não foi produzida com a intenção de registrar para a posteridade como era a vida em uma determinada época e os que foram produzidos com esse objetivo geralmente tendem a contar uma versão da história comprometida por visões de mundo de indivíduos ou grupos sociais.
Assim os documentos são entendidos como obras humanas, que registram de modo fragmentado, pequenas parcelas das complexas relações coletivas. São interpretados, então, como exemplos de modo de viver, de visões de mundo, de possibilidades construtivas, específicas de contextos e épocas, estudados tanto na sua dimensão material, como na sua dimensão abstrata e simbólica.
Esses documentos, são cartas, livros, relatórios, diários, poesias, pinturas, esculturas, fotografias, filmes, músicas, mitos, lendas, falas, espaços, construções arquitetônicas ou paisagísticas, instrumentos e ferramentas de trabalho, utensílios, vestimentas, restos de alimentos, habitações, meios de locomoção, meios de comunicação. São ainda, os sentidos culturais, estéticos, técnicos e históricos que os objetos expressam, organizados por meio de linguagens (escrita, oral, numérica, por gráficos, mapas, fotos), a arte em geral.
Para que possamos entender melhor, como é feito o recorte no tempo e realizada a análise pela observação, assim como com respeito pelo olhar e sentir de cada indivíduo, no caso em particular, o aluno, um dos recursos utilizado é a fotografia.A utilização da fotografia, como fonte de ensino-aprendizagem, levando-se em consideração que a imagem impressa no papel não se confunde com a realidade. Se o observador considerar que tudo o que pode ser visto na foto era costume da época, pode chegar a conclusões equivocadas, sobre por exemplo, como as pessoas se vestiam antigamente. No século XIX, as pessoas aparecem nas fotos com roupas apertadas, bem passadas, arrumadas e sempre posando com ar sério, independente do gênero, da idade ou local. Entretanto a foto pode ser um recorte particular da realidade, representa apenas o congelamento de um momento, principalmente aquelas produzidas em estúdios, como a cento e cinqüenta anos, quando as pessoas tinham que ficar paralisadas por mais de um minuto, por causa do equipamento e se arrumavam para a ocasião , porque geralmente era a única foto que tiravam na vida.
O professor de história pode ensinar a seus alunos a preocupação que se pode ter com as técnicas, os materiais, que produzem uma realidade, elas ressuscitam diferentes rememorizações.
Distinguir contextos, funções, estilos, argumentos, pontos de vista, intencionalidades, valorizar trabalhos de leituras é uma opção por uma aprendizagem qualitativa e não simplesmente quantitativas, que visam , apenas o acesso a informações históricas de caráter cumulativo.É de importância para o ensino-aprendizagem que o professor de história considere que tanto as informações mais explícitas nas obras quanto aquelas obtidas por leituras críticas contribuem para a ampliação do repertório cultural e histórico de seus alunos.
O modo como os alunos identificam e reconstroem as questões pertinentes à disciplina da história, diferenças sociais, sujeitos e tempos históricos serão também de relevância para que possam compreender, de modo cada vez mais complexo, as relações entre os homens, as suas ações e as suas produções, lembrando que o tempo pode estar no agora construído por indivíduos de todos os tempos.
Usufruindo dessa forma, podemos constatar que é gratificante e significativo para o professor de história e para os alunos, trabalhos que envolvam saídas de sala de aula ou mesmo da escola como para exemplificação, visitar uma exposição em um museu, visitar uma fábrica, realizar uma pesquisa no bairro, conhecer cidades históricas, dentre outras. Essas situações são geralmente lúdicas e representam oportunidades especiais para todos se colocarem diante de situações didáticas diferentes, mais saborosas, onde alunos e professores não estarão mais à semelhança de um grande esconde – esconde, pois, segundo Benjamin (2002), alunos e professores passam uns pelos outros e nunca se enxergam, entretanto, nessas atividades os alunos e professores se misturam em ensinamentos e aprendizagens que são uma troca saborosa e podem utilizar da imaginação e da criatividade para construírem o agora que será reconstituído das ruínas, sendo essa, das imagens, das construções dentre outras oportunidades que envolvam trabalhos especiais de acesso a outros tipos e tratamentos metodológicos. Tanto nas visitas, nos passeios, nas excursões, nas viagens, ou mesmo nos estudos da organização do espaço interno à sala de aula ou à escola, quando o professor de história quer caracterizar estas atividades como estudo do meio, é necessário que considere uma metodologia específica de trabalho, que envolve o contato direto com fontes de informação documental, encontradas em contextos cotidianos da vida social ou cotidiana, que requerem tratamentos muito próximos ao que se denomina pesquisa científica. Não se realiza um estudo do meio para se verificar que as casas construídas no início do século seguem uma série de características relacionadas ao estilo neoclássico. E não se visita uma fábrica para simplesmente verificar, que existe uma divisão de trabalho entre os operários. O estudo do meio é uma atividade didática, sugerida nos PCNs de História , essa didática permite que os alunos estabeleçam relações ativas e interpretativas, relacionadas diretamente com a produção de novos conhecimentos, envolvendo pesquisas com documentos localizados em contextos vivos e dinâmicos da realidade formadora do agora. Nesse sentido os alunos deparam com o todo cultural, o presente e o passado, a parte e o todo, o particular e o geral, a diversidade e a generalização, as contradições e o que se pode estabelecer de comum no diferente.
Isso quer dizer que com os indícios da arquitetura de uma, duas, três casa, ele, o aluno pode construir seus próprios enunciados para caracterizar o estilo de habitação da época. Dos ornamentos observados nas igrejas e nos detalhes das obras de arte, o aluno pode remodelar e conferir os conhecimentos que já domina sobre o assunto, aceitando variações em vez de manifestações genéricas.Conversando com os moradores que vivem e preservam os patrimônios históricos, pode incorporar, àquilo que já sabe, um conjunto novo de representações que inclui soluções diversas. No caso do estudo do meio, uma paisagem histórica é um cenário composto por fragmentos, suscitadores de lembranças e problemáticas, que sensibiliza os alunos sobre a participação dos antigos, modernos e contemporâneos, construtores da história, acrescentando-lhes vivências e concretudes para a criatividade e imaginação.
É no local, conhecendo pessoalmente casas, ruas, obras de arte, campos cultivados, aglomerações urbanas, conversando com moradores das cidades ou do campo, que os alunos se sensibilizam, também para as fontes de pesquisa histórica, isto é para os “materiais” sobre os quais os especialistas se debruçam para interpretar como seria a vida em outros tempos, como se dão as relações entre os homens na sociedade de hoje ou como são organizados espaços urbanos ou rurais. Para que isso seja possível se faz necessário a preservação do patrimônio.
O estudo do meio é então um recurso pedagógico privilegiado, já que possibilita aos alunos adquirirem, o olhar indagador sobre o mundo de que fazem parte, nesse estudo o ensino de história alcança a vida, e o aluno transporta o conhecimento adquirido para fora da situação escolar, construindo propostas e soluções de problemas de diferentes naturezas com os quais defronta na sua realidade.

Terminando para iniciar

A temática do ensino de História dando ênfase na educação patrimonial é recente no âmbito da escola brasileira. Os professores de História pesquisados não receberam em sua formação inicial significativos conhecimentos sobre educação patrimonial e quando receberam este conhecimento limitou-se a estudos do patrimônio material, não incluindo no conceito de patrimônio os padrões culturais imateriais e as diferenças culturais. Constata-se que encontram maiores informações e conhecimento na continuação acadêmica, nos cursos de pós – graduação em História existentes no país. Vários fatores, entre os quais a formação recebida, colaboram para a ausência de educação patrimonial no ensino fundamental II, nas escolas pesquisadas.
A presente pesquisa ao analisar os conceitos e a prática de ensino de História dos professores de História pretende analisar a formação do senso de preservação do patrimônio nos alunos e a importância de preservar sua própria História, sua memória, e as diferenças culturais existentes.
Acredito que a História iluminada por Walter Benjamin seja um caminho prazeroso e muito saboroso para os alunos do mundo contemporâneo, por demonstrar aos mesmos suas próprias capacidades e encontros com a complexidade e fragmentação no pensar e existir, levando ao olhar de que precisamos valorizar a memória social coletiva no agora.


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Um comentário:

  1. É preciso ressaltar que o artigo foi apresentado e publicado!Mais uma conquista!Obrigada Vera!Obrigada DEUS!!!

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